Espetáculo destaca legado de Carolina Maria de Jesus e formação artística dos estudantes
A Emart leva ao palco, no dia 10 de dezembro, no Solar dos Mellos em Macaé, o espetáculo “CAROLINA’S”, uma criação que revisita a trajetória, a força literária e o impacto político da escritora negra Carolina Maria de Jesus. Dirigida, escrita e iluminada por Cláudia Byspo, a montagem reúne 12 alunos dos Cursos Pré-Técnico e Básico de Teatro, reforçando o compromisso da escola com uma formação que integra prática artística e responsabilidade pedagógica. Para a secretária de Cultura, Waleska Freire, valorizar Carolina é também valorizar história e ancestralidade, fortalecendo identidades e ampliando horizontes dentro da formação cultural da cidade.
A dramaturgia nasceu de uma extensa pesquisa conduzida por Byspo, que reuniu referências como o documentário O Quarto de Carolina, músicas compostas pela escritora, textos poéticos de Conceição Evaristo e Marcelo Athaualpa, além de trechos de Quarto de Despejo. A proposta é trazer Carolina para o presente, conectando sua vivência às discussões contemporâneas sobre desigualdade social, violência nas favelas, feminilidade e questões étnicas. No palco, dez atrizes se revezam na interpretação da protagonista, imprimindo múltiplas vozes à mesma figura simbólica e lançando o desafio às intérpretes brancas: como representar uma mulher negra sem apagar sua história? A diretora garante que a própria Carolina deixou pistas — e respostas — em sua obra.
O espetáculo também nasce de um compromisso educacional: aproximar os alunos da produção artística de autores negros brasileiros e do teatro negro, deslocando o olhar para além de referências eurocêntricas. A iniciativa dialoga com a Lei 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas, e surgiu após estudos de Quarto de Despejo no ano passado, quando o grupo demonstrou forte identificação com a autora. Essa relação afetiva rende, inclusive, uma cena especial na montagem, enquanto os estudantes se preparam para a avaliação técnica de 2026.
Além da atuação, o elenco canta e dança, explorando elementos de teatro musicado e metateatro, mesmo sendo formado por iniciantes. Segundo Byspo, o grupo superou expectativas ao longo de dois meses de preparação. A diretora promete uma cena final marcante, criada para envolver o público e provocar intensa participação — um desfecho que celebra não apenas Carolina Maria de Jesus, mas também o poder transformador da arte.
