Nova geração de remédios apresentou importantes resultados na redução dos níveis de glicemia e combate à obesidade; Estudo fase 2 com Retatrutida animou a comunidade médica internacional
Estudos importantes com novas drogas para controle de obesidade e diabetes foram apresentados durante o Congresso Anual da European Association for the Study of Diabetes (EASD), realizado na última semana em Hamburgo, na Alemanha. E um estudo em especial mostrou resultados animadores, aponta a endocrinologista Alessandra Rascovski, que participou do evento. Os resultados da análise, que está em fase 2, apontaram que o uso da droga Retatrutida diminuiu 24,2% do peso, após 48 semanas, sendo uma média de 26 kg/48 semanas.
“Esses índices são muito importantes porque, observando os pacientes avaliados, é possível notar, por exemplo, que 36% dos obesos tinham pré-diabetes no início do acompanhamento e após 48 semanas, 72% atingiu níveis normais de glicemia. Além disso, também houve diminuição de LDL colesterol e triglicérides”, aponta a especialista.
Esse impacto da droga em diabéticos tipo 2 foi medido pelo estudo de forma aprofundada. Nesse caso, 281 pacientes foram acompanhados durante 36 semanas. Os pesquisadores notaram, então, uma perda média de 17% no peso dos participantes. Além disso, quem tinha obesidade mais severa (IMC > 35 kg/m2) perdeu mais peso do que quem tinha só sobrepeso. As mulheres emagreceram 28% do peso, enquanto os homens diminuíram 21%.
A médica explica que, diferente do famoso Ozempic, esse novo medicamento age em mais de uma frente, o que o torna ainda mais eficaz. “A semaglutida imita o hormônio GLP-1, que influencia nossa sensação de saciedade e está presente em todos esses medicamentos de controle de obesidade e diabetes. Mas a retatrutida, no entanto, que é um agonista triplo simula mais dois hormônios, o GIP, que melhora a secreção de insulina após uma refeição e o Glucagon, que aumenta o nível de glicose no sangue contrapondo-se aos efeitos da insulina”.
Com isso, ele atinge várias frentes ao mesmo tempo no organismo humano. E isso é fundamental, já que a obesidade, em 2021, foi responsável por 2,8 milhões de mortes por doenças nas Américas e as diabetes ultrapassem 500 milhões de pessoas no mundo. A tendência é que esses números subam ao longo dos anos. “Tivemos revoluções em nossos meios de vida, com aumento do sedentarismo, urbanização e carga de trabalho, o que mudou nossa forma de se alimentar e exercitar. Além disso, há uma carga genética que pode influenciar no desenvolvimento dessas doenças”, explica.
“São drogas e inovações científicas que podem revolucionar as próximas gerações, evitar o surgimento de doenças, melhorar a qualidade de vida e aumentar a longevidade. Estamos animados com os resultados até agora, mas é preciso aguardar o fim da fase 3, que já está em andamento”, finaliza Alessandra.