IBGE aponta população mais velha e feminina

 IBGE aponta população mais velha e feminina

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Dados do IBGE mostram que a idade mediana da população aumentou de 29 para 35 anos, além de 51,5% do país estar composto por mulheres; será que estamos preparados para envelhecer com saúde e autonomia?

O Brasil está mais velho e é composto cada vez mais por pessoas do sexo feminino. O Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a idade mediana dos brasileiros passou de 29 anos em 2010 para 35 anos em 2022. De acordo com os novos dados, as mulheres formam 51,5% da população total do país, o que representa 94,2 homens a cada 100 mulheres. Em 2010, a referência era 96,9 homens para cada 100 mulheres. Diante desse cenário, será que a população brasileira está pronta para enfrentar a velhice com saúde e qualidade de vida? 

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Para a educadora física Letícia Marchetto, essa mudança demográfica traz desafios e oportunidades significativas para a promoção da saúde. “A feminização desse processo, ao longo dos últimos anos, destaca a importância de adotarmos abordagens específicas para atender às necessidades das mulheres na terceira idade, como investir em programas de atividade física adaptados para essa fase da vida. Além de contribuir para a redução das desigualdades de saúde relacionadas ao gênero, essas práticas se tornam aliadas na busca por uma vida plena e saudável, refletindo diretamente na diminuição das taxas de mortalidade e no aumento da longevidade com qualidade”, defende a especialista.

Letícia explica que existem exercícios específicos que podem garantir o fortalecimento muscular, a melhoria da flexibilidade e o estímulo cognitivo, o que ajudaria as mulheres a lidar com desafios característicos da idade avançada, destacando a importância de práticas preventivas. “A falta de preparação para o envelhecimento saudável acarreta consequências significativas, impactando diretamente a qualidade de vida. Isso inclui o  declínio cognitivo, perda de autonomia funcional, isolamento social, riscos de quedas e lesões, dependência de cuidados de saúde e impacto econômico. Esses desafios podem comprometer a independência e a vitalidade na terceira idade”, aponta.

Letícia também acredita que preparar-se para o envelhecimento saudável significa dar um carinho especial a si mesma. “[O exercício] muda a rotina, mantém a mente afiada e reduz a chance de doenças. Esse estímulo à saúde impacta diretamente no bem-estar emocional, na redução da incidência de doenças crônicas e ainda eleva a qualidade de sono. A longo prazo isso é mais valioso do que resultados estéticos.” 

População está ficando mais velha

Ainda de acordo com o Censo de 2022 do IBGE, o Brasil teve um salto de envelhecimento significativo. Em 2010, a cada 30,7 idosos (pessoas com 65 anos ou mais), existiam 100 jovens de até 14 anos. Agora, há 55 idosos a cada 100 jovens. Para Letícia, o envelhecimento precisa ser percebido além da longevidade, sendo necessário o investimento contínuo em programas de conscientização sobre a importância da atividade física e os benefícios dela ao longo da vida, não somente num período específico. “Muitas vezes, a falta de informação é um obstáculo significativo e educar a população desde cedo sobre a relevância da prática regular de exercícios pode criar uma base sólida para o envelhecimento saudável. Acredito que ainda há um caminho a percorrer para que a sociedade esteja completamente preparada para isso, pois embora tenhamos avançado em diversas áreas, é fundamental promover mudanças”, comenta. 

Letícia acredita ser necessário um esforço conjunto que envolva educação, promoção de atividades físicas específicas e o fortalecimento físico e mental dos idosos. “Somente através de uma abordagem abrangente poderemos criar um ambiente propício para que as pessoas envelheçam com vitalidade, autonomia e qualidade de vida. Também é preciso fortalecer e condicionar os idosos para que tenham mais autonomia, reduzindo a necessidade da adaptação de espaços. Entendo que é importante sim adaptar espaços ao idoso, mas é ainda mais valioso que ele demore mais tempo para precisar dessas adaptações. Isso pode ser alcançado por meio de abordagens personalizadas e exercícios que visam não apenas a resistência e a flexibilidade, mas também o fortalecimento dos músculos responsáveis pelo equilíbrio”, explica Letícia.

Além de educadora física, Letícia é formada em dança e criou o Ballet Fly, um método que une acrobacias no tecido com dança e música. Voltado para iniciantes, pode ser realizado por pessoas de todas as idades, desde jovens até idosos, e é uma alternativa de atividade em grupo para quem busca envelhecer com saúde. “. Os desafios do tecido acrobático não apenas promovem a coordenação motora, mas também estimulam a mente, oferecendo um ambiente que requer concentração, foco e resolução de problemas em tempo real. Isso complementa os benefícios físicos e contribui para a saúde mental. A busca por soluções durante os movimentos no tecido acrobático desafia o corpo e fortalece a mente, promovendo um envelhecimento mais holístico e o bem-estar global”, comenta. 

“Ao proporcionar um espaço acolhedor e inclusivo, o Ballet Fly também contribui para a socialização e criação de redes de apoio [ao idoso], promovendo um envelhecimento mais saudável e conectado [com outras pessoas]”, aponta Letícia, que ilustra a potência da atividade ao comentar que dá aulas para uma idosa de 72 anos, Irene Elizabeth Gonçalves dos Santos. “O método desafia os participantes a explorarem movimentos graciosos e acrobáticos, resultando no desenvolvimento da confiança e na aceitação do corpo. Ao permitir a expressão artística individual, ele contribui para a construção de uma identidade positiva e para a superação de limitações percebidas relacionadas à idade.”

“Além disso, a comunidade de apoio criada pelo Ballet Fly oferece um espaço onde mulheres podem compartilhar suas jornadas, conquistas e desafios, promovendo um senso de pertencimento. A participação nessas atividades não apenas desafia as normas associadas à idade, mas também contribui para o bem-estar emocional, resultando em uma autoestima saudável e positiva para Irene e outras mulheres que abraçam a prática”, finaliza Letícia Marchetto.

Redação

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