As bactérias causadoras de gengivite podem migrar da boca para o cérebro
Um estudo norueguês aponta que a simples prática de escovar os dentes pode prevenir a doença de Alzheimer. O Departamento de Ciências Clínicas da Universidade de Bergen detectou provas baseadas em DNA de que as bactérias causadoras de gengivite podem migrar da boca para o cérebro, contribuindo para a perda de memória e, em casos mais graves, para o desenvolvimento do Alzheimer.
A Dra. Denise Tibério, presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), reforça a importância da higiene bucal na prevenção da gengivite e, consequentemente, do Alzheimer. Ela explica que o controle do biofilme dentário, realizado através de uma higiene bucal correta e sob a orientação de um profissional, é essencial. “O cirurgião-dentista possui métodos para avaliar a melhora da higiene bucal. Por meio de gráficos, é possível mostrar ao paciente sua evolução”, afirma a Dra. Denise.
Para pacientes diagnosticados com Alzheimer, os cuidados com a saúde bucal devem ser intensificados. A especialista recomenda aumentar o número de escovações diárias e tornar as visitas ao odontogeriatra mais frequentes para procedimentos como polimento e profilaxia, que ajudam a reduzir a retenção de alimentos nos dentes. Enxaguatórios, dentifrícios e colutórios também são aliados na manutenção da saúde bucal desses pacientes.
A progressão da doença exige que o cirurgião-dentista envolva a família ou o cuidador do paciente nos cuidados diários de higiene bucal. A gengivite, frequentemente despercebida, pode evoluir para periodontite, uma condição mais grave que pode levar à perda de dentes. Além disso, em idosos, a gengivite pode ser exacerbada pela diminuição do fluxo salivar decorrente da polifarmácia.
O estudo da Universidade de Bergen, realizado com 53 pessoas com Alzheimer, encontrou toxinas da gengivite em 96% dos casos. No Brasil, a pesquisa sobre essa correlação ainda é escassa. A Dra. Denise aponta que o país ainda não se dedicou suficientemente aos estudos voltados para o público idoso, evidenciado pelo número reduzido de odontogeriatras no território nacional.
A especialista aconselha que pessoas com gengiva inchada procurem um cirurgião-dentista para diagnóstico e tratamento. Ela destaca a importância de aprender técnicas adequadas de higiene bucal e eliminar fatores de risco para prevenir complicações. Nos estágios iniciais do Alzheimer, é crucial aumentar as escovações diárias e adequar o tipo de escova e creme dental. Nos estágios avançados, o atendimento domiciliar pode ser necessário para continuar com os cuidados bucais.
A Dra. Denise também alerta que, na fase avançada da doença, a higiene bucal se torna muito difícil e pode exigir a extração de dentes para evitar desconforto e problemas sistêmicos. Pacientes com Alzheimer muitas vezes não conseguem expressar dor ou desconforto na região bucal, manifestando isso através de comportamentos agressivos ou insônia. Com o tratamento adequado, a qualidade de vida e a convivência com o paciente podem melhorar significativamente.
Manter uma boa higiene bucal é, portanto, fundamental não apenas para prevenir doenças bucais, mas também para proteger a saúde cognitiva a longo prazo.
Sobre o CROSP
O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente.
Hoje, o CROSP conta com mais de 175 mil profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Técnicos em Prótese Dentária, Técnicos em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde Bucal e Auxiliares em Prótese Dentária.