Conforme dados do Sivan, 33,48% da população brasileira era obesa em 2023,
A relação entre depressão e obesidade é mais complexa do que o senso comum sugere. Embora muitas pessoas acreditem que a depressão leva ao ganho de peso devido à alimentação compensatória e que o excesso de peso causa insatisfação com o próprio corpo, essa interação vai além. Estudos científicos comprovam que o vínculo entre o cérebro e o estômago é profundo e requer uma abordagem multidisciplinar urgente.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Antônio Carlos Valezi, explica que o tecido adiposo se comunica com o cérebro frequentemente, principalmente através da leptina, um hormônio produzido nas células adiposas que regula a saciedade e o metabolismo. No entanto, a inflamação causada por dietas ricas em gorduras e açúcares pode alterar essa comunicação, resultando em níveis anormais de leptina e aumento da inflamação no corpo e no cérebro. Esse processo leva à produção elevada de proteína C-reativa (PCR) e à incapacidade do cérebro de interpretar corretamente os sinais de saciedade.
Conforme dados do Sivan, 33,48% da população brasileira era obesa em 2023, com a obesidade dividida em graus II, II e III. O Ministério da Saúde aponta uma prevalência de depressão ao longo da vida de 15,5% no Brasil. A depressão, frequentemente associada à inflamação crônica no corpo, leva a sintomas como cansaço, letargia e falta de motivação, agravando o quadro depressivo.
A interação entre depressão e obesidade
Estudos do Psychiatric GWAS Consortium indicam que em 80% dos casos de obesidade há a presença de sintomas depressivos, enquanto 53% dos indivíduos analisados mostraram que a depressão está ligada ao ganho de peso. Alexandre Laux, psiquiatra e membro da SBCBM, ressalta que pacientes obesos têm maior propensão a transtornos psiquiátricos, sendo a depressão o mais comum. A alteração no padrão alimentar, redução da atividade física e problemas de sono são sintomas que agravam a obesidade nesses pacientes.
Quilos mortais: Realidade extrema da obesidade
O programa “Quilos Mortais” destaca casos extremos de obesidade, como o de Carlos e Andrea, que enfrentam dificuldades severas devido ao excesso de peso. Apesar de a obesidade mórbida representar apenas 4,41% dos obesos brasileiros, a SBCBM alerta que ninguém deve esperar chegar a esse ponto para buscar ajuda médica. A cirurgia bariátrica é indicada para pessoas com obesidade grau II ou III com comorbidades.
Cenário nacional da cirurgia bariátrica
No Brasil, 12,72% da população é elegível para cirurgia bariátrica, mas a oferta de procedimentos ainda é insuficiente. Em 2023, apenas 7.511 cirurgias foram realizadas pelo SUS, enquanto os planos de saúde realizaram 65.256 procedimentos em 2022, atendendo apenas 0,2% dos candidatos. A SBCBM enfatiza a necessidade de ampliar o acesso ao tratamento para reduzir os efeitos da obesidade e melhorar a qualidade de vida da população.
A obesidade é uma epidemia global crescente, e a ampliação do acesso à cirurgia bariátrica é crucial para enfrentar este desafio de saúde pública e melhorar a vida de milhões de brasileiros.
Fonte Ceres Battistelli – Assessoria de Imprensa
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica